Afinal, quais aditivos cumprem (ou não) o que prometem?
Motorista é alvo fácil dos fabricantes de inutilidades, pois muitos não têm conhecimento técnico do assunto. São bombardeados por propaganda enganosa, pela imprensa que nada entende e – pior – até por engenheiros especialistas. Aditivo, por exemplo, sempre foi prato cheio para fábricas “fundo de quintal” e até de algumas poderosas e renomadas mundialmente.
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Aditivo para gasolina
Aí começa a confusão, pois é importante aditivar a gasolina para evitar a formação de depósitos carboníferos nas cabeças dos pistões, provocada por seu elevado teor de carbono. Não é à toa que, em vários países desenvolvidos mesmo a “gasolina comum” já vem aditivada.
No Brasil, existe a gasolina comum e a aditivada. A gasolina aditivada vale a pena? Não, pois não há uma padronização nem fiscalização da aditivação, segundo a própria ANP. Então, o motorista pode abastecer com uma gasolina corretamente aditivada num posto, mas outra que em nada beneficia o motor. Solução? Melhor do que usar a gasolina aditivada é abastecer com a comum e o próprio motorista aditivá-la com o frasquinho vendido no comércio.
Gasolina aditivada aumenta a potência?
Na verdade, os aditivos recomendados para a gasolina são detergentes e dispersantes, que evitam a formação de resíduos carboníferos na câmara, prejudicando a combustão, reduzindo a potência e aumentando o consumo. A aditivação evita estes dois fenômenos por manter limpo o motor. Ou seja, ele não “ganha” potência, apenas deixa de perder.
Mas empresas reconhecidas mundialmente como a Shell e a Petrobras já anunciaram melhor performance com sua gasolina aditivada. Até o nome criado pela Shell induz ao erro: “V-Power”. Que pode funcionar na Europa, pois lá ela tem algumas octanas extras que poderiam aumentar a potência. Mas não no Brasil.
Por falar em octanagem, até o porta-voz da SAE se enganou ao afirmar que o aditivo resulta em mais octanas, numa entrevista para uma jornalista do setor.
Fuja destes aditivos para a gasolina
Mas, além do aditivo recomendado, existem outros que anunciam vantagens inexistentes, principalmente os do tipo “booster”, que prometem aumento de desempenho. E ainda danificam as velas por utilizar oxido ferroso em sua composição.
Etanol aditivado
O aditivo necessário na gasolina não o é no etanol, pois o percentual de carbono no álcool é muito menor, cerca de 1/3 do da gasolina e não “suja” o motor. Mas Shell e Petrobras oferecem-no em seus postos. Tem propriedades, como a de lubrificação, que podem contribuir. E, mal não faz. Talvez somente para o bolso do motorista.
Aditivo para óleo do motor
Não requer nenhum tipo de aditivação, pois já vem com todos os aditivos necessários, segundo o projeto do fabricante do motor e o do próprio óleo. Mas existem inúmeras marcas que tentam convencer o motorista a despejá-lo no cárter, o que não se recomenda pois pode gerar uma reação química entre algum deles e o aditivo original, prejudicando componentes do motor.
Uma única exceção no caso dos motores chamados de “cansados”. Que já rodaram 100 mil km (ou mais) e que se registra uma queima excessiva do óleo. Existem duas opções para atenuar o problema, antes de mandar o motor para a retífica. A primeira é o óleo com maior viscosidade, que reduz a possibilidade de ele passar pelas folgas (anéis e cilindros, por exemplo) e ser queimado na câmara.
Além da maior viscosidade, alguns destes óleos contém um aditivo específico chamado “seal swell” que atua diretamente (swell = inchar) em retentores e gaxetas que tiveram suas dimensões reduzidas, permitindo uma pequena passagem de óleo. O único óleo para motores “com alta quilometragem” comercializado no Brasil com este aditivo, além da maior viscosidade, é o Lubrax.
Outros
Líquido para o sistema de refrigeração não é mais água pura, mas com etilenoglicol (cerca de 50/50). Então, ele não só é recomendável, como necessário. Aditivos para outros componentes mecânicos do automóvel não são necessários: câmbio, diferencial, direção hidráulica, etc. Mas não falta pi-ca-re-ta tentando levar vantagem…
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