O VW Gol 1000i 1995 que subiu a Cordilheira dos Andes e depois foi parar no Rio Grande do Sul


Em viagem de 17 dias, hatch percorreu 5.500 km, atolou 11 vezes e foi a 4.800 metros de altura Manuel, o Audaz. Esse era o apelido de um antigo jipe dos anos 1950 cujo dono era o compositor Fernando Brant, mineiro e muito amigo da turma que depois fundou o movimento musical Clube da Esquina: Milton Nascimento, Wagner Tiso, Lô e Márcio Borges e outros. Manuel, o Audaz, virou até tema de música, gravada por Toninho Horta em 1981. Veja também Ele ganhou esse apelido por sua capacidade de transpor os obstáculos naturais das montanhas de Minas Gerais. Acontece que Fernando Brant não conheceu Andino, apelido de um Gol 1000i 1995. Ele seria capaz de deixar o jipe Manuel morrendo de vergonha. O Andino foi assim batizado em 1999, quando já tinha quatro anos de uso e 60 mil km no hodômetro. Na época, o Gol não estava exatamente um trapo, mas seus melhores dias certamente tinham ficado para trás. Mesmo assim, levou três amigos — Thales Baduzzi, então dono do carro, Raimundo Paccó e Romerito Aquino — em uma tremenda aventura de Rio Branco (AC) até Lima, no Peru, cruzando nada mais, nada menos que a Cordilheira dos Andes. Ah! Ida e volta, em um trajeto total de mais de 5,5 mil km. Travessia do Rio Madre de Dios (para nós, o Rio Madeira), no Peru, em uma pequena balsa Divulgação/Acervo MIAU Sem nenhuma preparação especial, o Andino partiu de Rio Branco, em 21 de setembro de 1999, com os três e mais uma caixa de primeiros socorros, uma picareta, algumas chaves de fenda e três malas com roupas, lençóis e cobertores. No primeiro dia o Andino atolou 11 vezes em meio à chuva que caía na estrada de terra até Assis Brasil, na fronteira com o Peru. Audaz como era, porém, o Andino não se abalou. Nem mesmo quando, no dia seguinte, os agentes da fronteira peruana recomendaram aos amigos que desistissem da viagem. Eles seguiram e pegaram carona em uma pequena balsa no Rio Madre de Dios (para nós, Rio Madeira). E o Andino conseguiu chegar a Porto Maldonado. De lá o destino era Cusco, a 4.800 metros de altura e 510 km de cascalho. Só de subida foram 200 km, enfrentados em oito horas. Na Cordilheira dos Andes o carro enfrentou estradas de cascalho e cruzou vários riachos. VW Gol foi do Acre ao Peru: mais de 5.500 km com sete tanques Divulgação/Acervo MIAU No dia seguinte os aventureiros rumaram para Arequipa, mais 520 km, onde toparam até com uma tempestade de neve. E mais um dia, outros 310 km até Ilo, já de frente para o Oceano Pacífico. As piores estradas ficaram para trás e o Andino seguiu até Lima pela rodovia Pan-Americana, 1.000 km ao norte, passando por Camaná. E de lá começou a volta, descendo de novo por Nasca até Cusco e de lá para o Brasil. O retorno a Rio Branco aconteceu em 8 de outubro de 1999, 17 dias depois. Caminhos com muita lama e pontes de madeira foram uma constante na jornada do Gol 1000i até o Pacífico. Já no Peru o asfalto voltou cercado por um cenário desértico Divulgação/Acervo MIAU Ao todo, o Andino consumiu na viagem sete tanques completos de gasolina — o que não foi um grande problema, especialmente no Peru, onde o litro do combustível custava, na época, o equivalente a míseros R$ 0,70. Essa viagem, entretanto, não foi uma exceção na vida do audaz Andino. Pela placa sabe-se que ele foi originalmente registrado em Goiás, ou seja, quatro anos depois de sair da concessionária já estava morando a quase 3 mil km de distância. Ainda mais incrível é que o andarilho Andino hoje está emplacado em Paraí, no Rio Grande do Sul, extremidade oposta do Brasil, a 4 mil km de Rio Branco. O nome da cidade parece até um recado para o intrépido Gol 1000i finalmente descansar das longas distâncias. Ou será que ele não vai parar por aí? *Marcos Rozen é fundador do Museu da Imprensa Automotiva – MIAU Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. Mais Lidas

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