Opinião: Não é sobre a imprensa falar mal ou bem do carro, mas de fazer uma crítica justa
O trabalho da imprensa é reconhecido por executivos da indústria automobilística como importante até para validar um novo veículo. Mesmo quando a análise é um pouco mais dura Vez ou outra ressurge a pergunta (na verdade, uma dobradinha de questões): as fábricas não pegam no pé de vocês por causa dos testes? Vocês podem falar mal dos carros? Retomo o tema agora porque foi muito bom ouvir a fala de Issao Mizoguchi na noite de 29 de março. Pode parecer média dizer que gostei de um discurso, mas o executivo estava se aposentando após 37 anos de trabalho na Moto Honda da Amazônia, os últimos oito anos no cargo de presidente da empresa na América Latina. O primeiro executivo nascido fora do Japão a ocupar um cargo de diretoria mundial dentro da Honda. Veja também Foi um jantar de homenagem a Mizoguchi e também de despedida dos profissionais de imprensa. O paulista nascido em São Bernardo do Campo lembrou encontros com jornalistas em eventos e viagens e pontuou o desafio de encarar os momentos em que o noticiário foi mais crítico com relação às atividades e aos produtos da Honda: “Para nós, seria melhor que vocês fossem neutros”, disse em tom de brincadeira. “Mas sei que a imprensa tem um compromisso social.” Essa segunda afirmação de Mizoguchi, já sem um sorriso no rosto, responde às questões que abrem este texto. Jaime Ardila fez declarações parecidas há dez anos, quando ocupava o cargo de presidente da GM América do Sul: “Mesmo quando não nos são favoráveis, as informações e análises que vocês publicam traduzem um pensamento dos clientes que é muito importante para nós”. Montadoras dependem da credibilidade da imprensa especializada. São os testes que ratificam a qualidade de um veículo. Divulgação Montadoras e importadores, é claro, preferem que as deficiências de um automóvel não sejam apontadas. E trata-se de multinacionais cujos orçamentos são enormes. Para elas, pôr para circular uma publicação que fosse totalmente favorável aos seus interesses custaria pouco. Ocorre que esse não é o negócio dessas empresas, e — mais importante — elas dependem da credibilidade da imprensa especializada. São os testes e análises independentes que ratificam a qualidade de um veículo. Alguns temas podem ser discutíveis, como o estilo do carro. Outros, no entanto, são técnicos, inquestionáveis — como o fato de o veículo contar com um sistema de suspensão mais seguro e eficiente, ter ou não controle de estabilidade, a eficiência na frenagem, o volume do porta-malas, o espaço para as pernas dos passageiros do banco de trás, só para citar alguns exemplos. Com o tempo e a melhora da qualidade dos carros, a régua de exigências vai subindo Divulgação A régua de exigências vai subindo. Tem multimídia? Que bom, mas a tela precisa ter boa resolução e os comandos devem ser intuitivos e acessíveis. Tem conexão com Apple Car Play e Android Auto? Por cabo?! E por aí vai. Vamos sempre esperar mais, melhor, mais eficiente e seguro. E por preço justo. Mizoguchi, Ardila, amigas leitoras, amigos leitores. Tentamos sempre nos desapegar do fascínio pelos carros de alto luxo e desempenho, bem como da decepção com alguns veículos que passam pela garagem de Autoesporte. Assim, não se trata de falar mal ou bem, mas de fazer a crítica justa. E nossos critérios são os mesmos do consumidor. Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. Mais Lidas
source https://autoesporte.globo.com/carros/post-coluna/2022/07/opiniao-nao-e-sobre-a-imprensa-falar-mal-ou-bem-do-carro-mas-de-fazer-uma-critica-justa.ghtml
Comentários
Postar um comentário