Testes do passado: Ford Royale foi uma perua com apenas duas portas


Repetindo a Belina e a Caravan, station wagon do Versailles chegou ao mercado em 1992 sem opção de quatro portas Reportagem publicada originalmente na edição 323 da Autoesporte, em abril de 1992. Um dos fenômenos automobilísticos dos últimos anos, muito comum na Europa e nos Estados Unidos, é o do Badge Engineering -- expressão inglesa que pode ser traduzida como "engenharia de emblema" --, que define a ciência e a arte de se fazer dois carros diferentes a partir de um mesmo projeto. O Apollo é basicamente o mesmo carro que o Verona, assim como Versailles e Santana. Agora, após a chegada ao mercado da nova Quantum, da Volkswagen, surge a Royale, da Ford. Veja também Essa é mais fácil de se distinguir da Quantum pela simples razão de que tem duas portas laterais bem grandes, em vez das quatro de sua irmã. Pode parecer estranho um carro desse tamanho com apenas duas portas, mas nosso mercado sempre dispôs de peruas desse tipo, caso da Caravan e da Belina. Luiz Mora, gerente de estilo de produtos Ford da Autolatina, diz que a identificação diferenciada da Royale vem da falta de cromados, dos vidros laterais rentes à carroceria e da "esportividade" das duas portas. A diferença da Royale vem da falta de cromados, dos vidros laterias rentes à carroceria e da "esportividade" das 2 portas. Saulo Mazzoni/Autoesporte/Acervo MIAU De fato, externamente a Royale ficou até melhor que a Quantum. A frente sem a grade tradicional, a traseira com lanternas maiores e mais envolventes e a lateral com aparência de ser mais envidraçada explicam por que ela chama mais a atenção na rua. Ganha também em aerodinâmica graças a um Cx (Coeficiente de forma) dois pontos mais baixo (0,35 ante 0,37). Por dentro, porém, a Royale fica devendo em relação à Quantum, devido justamente à opção pelas duas portas. O acesso ao banco traseiro é ruim sempre, especialmente quando o banco da frente estiver recuado. Portas grandes dificultam o acesso até aos bancos dianteiros Saulo Mazzoni/Autoesporte/Acervo MIAU Os próprios bancos dianteiros apresentam acesso problemático se o veículo está estacionado junto a um outro; as portas precisam ser muito abertas para que se possa entrar e, quanto mais para frente o banco dianteiro estiver (ou seja, quanto mais baixo você for), pior. As duas portas trazem outros problemas: são pesadas demais quando o carro está inclinado, e os vidros das janelas traseiras não baixam, apenas basculam, um fator de desconforto não muito aceitável em um veículo desta categoria. Enfim, como o mercado brasileiro parece gostar de duas portas, a Ford está apostando nessa solução. O painel fica devendo com relação ao da Quantum Saulo Mazzoni/Autoesporte/Acervo MIAU Uma vez lá dentro, porém, seus ocupantes encontram um ambiente confortável, razoavelmente bonito e bastante silencioso, mesmo na versão GL testada. Os materiais de acabamento são bons, os bancos dianteiros envolventes (o do motorista é regulável em altura), os de trás basculáveis em um terço/dois terços e há vários escaninhos e bolsas para guardar mapas, óculos, documentos, lenços de papel e outras quinquilharias do motorista moderno. A iluminação do quadro de instrumentos deixa a desejar, por ser mais forte apenas em uma faixa horizontal central. O desenho de todo o painel não impressiona. Faz falta ainda um esquema de ventilação forçada independente do ar-condicionado. Traseira bem resolvida, com lanternas maiores e mais envolventes Saulo Mazzoni/Autoesporte/Acervo MIAU Como na Quantum, quando carregada no limite, a Royale abaixa muito a traseira. A visão para trás pelo espelho interno fica prejudicada, já que a vigia traseira é larga mas pouco profunda. Ainda bem que os espelhos externos são amplos o suficiente para compensar, além de reguláveis de dentro do carro. A tampa sanfonada do porta-malas é ótima para manter objetos mais protegidos, embora tenda a fazer barulho sobre pisos menos lisos. Aerodinamicamente, o desejável é que o veículo ande com a frente mais baixa do que a traseira. Assim, no caso de muita carga, torna-se necessário distribuí-la de maneira a colocar os objetos mais pesados o mais para a frente possível dentro da perua. O ideal, por outro lado, seria que este tipo de carro, desta categoria, viesse equipado com suspensão autonivelante ou regulável, como na linha Kadett. A tampa sanfonada é ótima para proteger objetos, ainda que seja uma fonte de ruídos Saulo Mazzoni/Autoesporte/Acervo MIAU Andar com a Royale é seguro e tranquilo. O motor 2.0 a gasolina gera 105 cv a razoáveis 5.200 rpm, e 17 mkgf de torque a não muito baixas 3.400 rpm. Assim, as saídas tranquilas exigem um pouco mais de aceleração do que seria o caso se o torque aparecesse um pouco mais cedo. Mas a maciez e a precisão do conjunto embreagem/caixa de mudanças compensam esse fato e fazem com que a condução seja bastante confortável. O sistema de direção hidráulico é rápido e muito bom para manobras, estas facilitadas pela excepcional área envidraçada. Emblemas Royale só nas laterais traseiras, como na Belina/Scala Saulo Mazzoni/Autoesporte/Acervo MIA Será muito interessante observar o desempenho de vendas dessa perua. O departamento de marketing da Ford estima comercializar seiscentas unidades mensais, ficando com uma participação de 36,4% no segmento específico de station-wagons de luxo. Se depender de sua aparência, sem dúvida ela chegará lá. Resultado dos testes Ficha técnica Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. Mais Lidas

source https://autoesporte.globo.com/carros/colunistas/post-coluna/2022/06/testes-do-passado-ford-royale-foi-uma-perua-com-apenas-duas-portas.ghtml

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