Inmetro: Como confiar diante de tanto desrespeito com o consumidor?

Sabe por que eu não acredito no Inmetro? Ele é um órgão federal vinculado ao Ministério da Economia, encarregado de estabelecer padrões de qualidade e segurança dos produtos colocados à venda no nosso mercado.

No caso dos automóveis o Inmetro criou aquela etiqueta de consumo, sem dúvida uma boa referência para o consumidor e que até já existia há mais tempo nas geladeiras, por exemplo. Mas o órgão nem sempre é confiável e costuma dar umas perigosas derrapadas.

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Uma delas foi ao certificar o pneu remoldado, uma espécie de recauchutagem que remove toda a borracha, de talão a talão, e aproveita a carcaça velha para fabricar um novo. Eu não tenho nada contra pneu recauchutado, aprovado até para aviões.

Mas no caso do pneu remoldado no Brasil, o Inmetro escorregou feio. Porque por pressão na época da fábrica BS Colway, o órgão decidiu não exigir, ao contrário da Europa, um item básico de segurança, que as características da carcaça original 0 km fossem mencionadas na banda lateral do pneu reformado, exigência que consta sob nº 109 na regulamentação da comunidade europeia.

Mas e daí? Qual o perigo de não se mencionar essas características da carcaça original? Porque dois remoldados com, aparentemente, as mesmas propriedades e as mesmas medidas externas podem ter comportamento completamente distinto em situações de maior exigência, como freadas de emergência ou curvas mais apertadas, pois as duas carcaças podem ter sido projetadas para veículos tão diversos como um Porsche e a outra para um furgão de hot dog.

Outra escorregada do órgão foi elaborar as etiquetas para os pneus, que os classificam de acordo com três características: resistência ao rolamento, que dá maior ou menor consumo de combustível, aderência na pista molhada e ruído.

Mas o que a maioria dos motorista quer saber de fato é qual a durabilidade de um pneu? Indicada para o índice, chamado em inglês de Treadwear. Mas esse item foi “esquecido” pelo Inmetro. Os únicos pneus fabricados no Brasil com essa indicação treadwear são os exportados para os Estados Unidos.

Lá ele é exigido, porque lá o consumidor merece respeito. Eu questionei na época o Inmetro e a resposta foi ridícula: “desgaste de pneu é item subjetivo e sujeito a muitas variáveis”.É claro, como se o consumo do combustível daquelas etiquetas de consumo também não fosse. Mas não param por aí as mal contadas histórias do Inmetro.

Outras do Inmetro

Ele decidiu com décadas de atraso certificar peças de reposição para os automóveis. Mas, das milhares delas aplicadas em um carro, elaborou uma ridícula lista com cerca de 20 componentes por um critério sujeito a chuvas e trovoadas e pressões das fábricas.

Olha o disparate, peças internas do motor estão incluídas, mas limpadores de para-brisa ficaram de fora. Dá para explicar? Aliás, questionado, o Inmetro “explicou” sim. “Até o presente momento não foi identificada a necessidade de estabelecimento de medida regulatória para outros componentes automotivos. O Inmetro faz o processo de certificação quando identifica um problema, ou para responder às demandas da sociedade.” Eu, hein!?

Mas a cereja do bolo da irresponsabilidade do órgão foi ceder à pressão dos fabricantes, dos famigerados engates bola, aqueles aplicados junto ao para-choque traseiro, que danificam não só o próprio automóvel no caso de um impacto traseiro, como também outros automóveis estacionados por perto durante as manobras. E pior, vai também a canela do pedestre desavisado.

O Inmetro, ao invés de exigir que o dispositivo se encaixe no interior do para-choque, ou desmontável, que só possa ser engatado ao rebocar alguma coisa, certificou o perigoso dispositivo quebra-canela desde que “aparadas as arestas” e outras exigências inócuas. E durma-se com umas arestas dessas.

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