Comparativo de 1996: VW Santana Evidence enfrentou o Chevrolet Vectra GLS – e perdeu feio


O velho e o novo se defrontaram e não é difícil adivinhar o que aconteceu neste teste comparativo, apesar de algumas surpresas No confronto de Chevrolet Vectra GLS e Volkswagen Santana Evidence há um espaço abissal de gerações. O Santana apareceu aqui em 1984 (1982 na Alemanha): 13 anos o separam do novo Vectra, visto pela primeira vez no Salão de Frankfurt de 1995. Reportagem publicada originalmente na edição 374 de Autoesporte, em julho de 1996 Veja também O Santana, produzido há 12 anos, encontra-se num nível elevado de qualidade, perceptível ao dirigir. Não está tão para trás em mecânica, como muitos pensam: um motor longitudinal está de volta no modelo 97 do Passat alemão e o conjunto propulsor dianteiro é montado num subchassi, solução que todos os fabricantes correm atrás (veja o Fiesta, o Palio e o próprio Vectra). Sem esquecer do duplo circuito hidráulico dos freios, disposto em diagonal, item de segurança indiscutível. O Santana fica para trás em estilo diante do novo Vectra, mas ainda pode agradar pela qualidade Milton Shirata/Acervo MIAU O Vectra evoca a Europa de hoje. Seu estilo espelha a tendência atual e a solução dos espelhos que nascem no capô é ímpar. Possui um dos melhores coeficientes aerodinâmicos (Cx) em sedãs de grande produção: apenas 0,28. O Santana baixou de 0,38 para 0,36 em 1991. Várias soluções mecânicas do modelo da GM saltam à vista, como a suspensão traseira e o comando hidráulico da embreagem. O Chevrolet se destaca em segurança passiva: portas com barras antinvasivas, bolsas infláveis (airbags) para motorista e acompanhante (opcionais) e estrutura dianteira concebida de maneira a dissipar com precisão a energia das colisões. Os dois sedãs têm bom porta-malas, com pequena vantagem para o Vectra Milton Shirata/Acervo MIAU O conjunto dos pedais é desarmável em caso de batida, para evitar lesões nas pernas do motorista, caso único no mundo. As pontas inferiores dos cintos dianteiros são Afixadas nos bancos, visando colocação ideal com qualquer distância. O Vectra é mais rápido, mas por muito pouco. É menos potente (110 cv a 5.200 rpm contra 112,3 cv a 5.600 rpm), mas sua transmissão mais curta e a aerodinâmica superior compensam. O Vectra chegou a 188,3 km/h e o Santana a 187,9 km/h, além de mostrar melhores acelerações e retomadas. Nestas, o torque ligeiramente maior do Vectra (17,7 contra 17,6 mkgf) em rotação mais baixa (2.600 contra 3.000 rpm) enseja melhor resposta em baixa rotação. O Vectra GLS não inova em motor se comparado com o do modelo antigo, e ainda perdeu 6 cv Milton Shirata/Acervo MIAU O Santana consome menos: na estrada passou de 13 km/l, um bom valor (a quinta mais longa ajuda). O Vectra, porém, já está conforme os novos limites de emissões que vigoram a partir de 1º. de janeiro do ano que vem, o que não ocorre com o Santana. Portanto, potência e economia do motor AP-2000 deverão cair um pouco. Até aqui, certa igualdade. E o comportamento dinâmico? O Vectra inovou no Brasil pela suspensão traseira multibraço, uma tendência mundial no segmento, e forma um dos melhores conjuntos já dirigidos por Autoesporte. Seus méritos destacam-se nos pisos pavimentados ondulados. As rodas traseiras acompanham com perfeição os altos e baixos. A suspensão do Vectra segue o padrão de molas macias e amortecedores de carga elevada, comum na indústria europeia. O motor AP-2000 continua sendo um dos pontos altos do Santana, mesmo apresentando alguma rumorosidade Milton Shirata/Acervo MIAU O Santana sempre foi destaque em matéria de curvas (considerando seu porte), mas agora está mole demais e isso desestimula o dirigir rápido. Mesmo assim obteve aceleração lateral convincente na plataforma de teste, uma das maneiras de avaliar a capacidade de enfrentar curvas. Chegou a 0,82 g, bem próximo ao Vectra, 0,83 g. Sua suspensão traseira por eixo de torção é inferior ao sistema do Vectra, porém funciona relativamente bem. Sobre piso irregular, a falta de independência entre as rodas se manifesta de maneira discreta. O Santana é mais barato quando completo, mas o custo-benefício do Vectra é mais interessante Milton Shirata/Acervo MIAU Em freios o Santana está altura do Vectra, apesar de não dispor de sistema antitravamento (ABS), opcional no Vectra. Nas medições o Volkswagen mostrou ter fácil modulação das freadas para evitar travamentos de rodas, e chegou a vencer duas das três provas mesmo o concorrente dispondo dos freios a disco traseiros opcionais. A diferença da idade de projeto, contudo, manifesta-se nos níveis de ruído interno e externo, um dos pontos altos do novo Vectra. O Santana Evidence, que é o antigo GL em configuração Sport, não traz conta-giros Milton Shirata/Acervo MIAU Nos automóveis de hoje poucas coisas desagradam. No Santana o espelho do motorista fica parcialmente escondido pela coluna, o que não ocorria no modelo antigo. A pequena área de varredura dos limpadores indica que o curso e as dimensões das palhetas não acompanharam a última reestilização. No Vectra o pé pode esbarrar na haste do pedal de freio com certa facilidade, o que deveria ser revisto. Deixamos o bolso por último. o Santana Evidence custa R$ 23.835 e o Vectra, R$ 23.995, básicos. O Volkswagen pode receber conjunto elétrico (vidros, espelhos e travas), alarme e rádio toca-fitas, chegando a R$ 26.495. Com o ar-condicionado sobe para R$ 28.160. Além da bolsa inflável opcional no volante o Vectra GLS possui mostrador informativo no painel Milton Shirata/Acervo MIAU Já o Vectra GLS completo, com duas bolsas infláveis, chega a R$ 33.119. O modelo testado tinha tudo menos o airbag do passageiro, e sai por R$ 32.464. Direção assistida é de série nos dois. Portanto, mesmo que o Santana esteja bem posicionado em preço, o Vectra representa uma relação custo-benefício melhor. E oferece mais espaço atrás e no porta-malas, maior. A Volkswagen terá mesmo que fazer alguma coisa neste segmento – e rápido. Resultado dos testes Fichas técnicas Vectra GLS Motor: Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, comando no cabeçote, gasolina Cilindrada (diam. X curso) 1.998 cm3 (86,0 x 86,0 mm) Alimentação: Injeção multiponto semi sequencial 2 a 2 Relação de compressão: 9,2 Potência: 110 cv a 5.200 rpm Torque: 17,7 mkgf a 2.600 rpm Tração: dianteira Relação de diferencial: 3,74 Relações de câmbio: 1ª.) 3,58 2ª.) 2,14 3ª.) 1,48 4ª.) 1,20 5ª.) 0,89 ré) 3,33 Carroçaria: Monobloco de aço, subchassi dianteiro e traseiro, três volumes, quatro portas, cinco lugares Suspensão dianteira: McPherson, braço transversal, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e estabilizador Suspensão traseira: Independente, multibraço, um longitudinal, um transversal inferior e outro transversal superior, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e estabilizador Freios: Assistidos, ABS (opcional), dianteiros a disco ventilados, traseiros a disco (opcional) Direção: pinhão e cremalheira, assistida Diâmetro de giro: 10,0 m Pneus: 185/70 R 14 H Rodas: 5,5 x 14 pol, alumínio Dimensões (CxLxA): 4,477 x 1,707 x 1,410 m Entre-eixos (Bitolas D e T): 2,640 m (1,484 e 1,470 m) Peso: 1.250 kg Tanque: 57 litros Porta-malas: 422 litros (aferido) Preço base: R$ 23.995 Preço veículo testado: R$ 32.464 Santana Evidence Motor: Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, comando no cabeçote, gasolina Cilindrada (diam. X curso) 1.984 cm3 (82,5 x 92,8 mm) Alimentação: Injeção multiponto Relação de compressão: 10,0 Potência: 112,3 cv a 5.600 rpm Torque: 17,6 mkgf a 3.000 rpm Tração: dianteira Relação de diferencial: 3,86 Relações de câmbio: 1ª.) 3,45 2ª.) 1,94 3ª.) 1,28 4ª.) 0,97 5ª.) 0,80 ré) 3,16 Carroçaria: Monobloco de aço, subchassi dianteiro, três volumes, quatro portas, cinco lugares Suspensão dianteira: McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor hidráulico e estabilizador Suspensão traseira: Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor hidráulico Freios: Assistidos, dianteiros a disco ventilados, traseiros a tambor Direção: pinhão e cremalheira, assistida Diâmetro de giro: 10,2 m Pneus: 185/65 R 14 H Rodas: 6 x 14 pol, alumínio Dimensões (CxLxA): 4,572 x 1,700 x 1,423 m Entreeixos (Bitolas D e T): 2,550 m (1,414 e 1,422 m) Peso: 1.100 kg Tanque: 72 litros Porta-malas: 413 litros (aferido) Preço base: R$ 23.835 Preço veículo testado: R$ 28.160 Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? 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