Teste rápido: JAC E-J7 é sedã elétrico feito com a Volkswagen e que acelera mais que BMW
Como esperado, falta refinamento na comparação com os sedãs de luxo alemães que, segundo a Jac, devem ser os concorrentes do E-J7 Quando você participa de uma entrevista de emprego, a ideia é transmitir ao seu (talvez) futuro chefe suas principais qualidades, deixando de lado os pontos fracos. É exatamente isso o que a JAC quis fazer ao apresentar seu novo sedã elétrico, o E-J7. A marca chinesa armou uma prova de arrancada com três sedãs a combustão da mais alta estirpe: os alemães Audi A4, BMW Série 3 e a recém-chegada nova geração do Mercedes-Benz Classe C. E qual é um dos principais trunfos de um carro elétrico quando se fala em desempenho? Veja também O torque instantâneo, é claro. Nesse ponto, o E-J7 claramente sai na frente na hora de fazer uma aceleração mais brusca. Segundo a JAC, o três volumes alcança 100 km/h em 5,9 segundos — são 2 s a menos que o registrado pelo BMW 320i em nossos testes, por exemplo. Mas apenas uma arrancada rápida talvez não seja o suficiente para conquistar o exigente público que procura um sedã de porte médio-grande. Existem muitos outros atributos que precisam ser levados em conta. E o chinês tem diferenciais bem interessantes se comparado aos concorrentes, considerando uma disputa de mercado em um segmento sem representantes diretos — apesar de pipocarem SUVs movidos a eletricidade no Brasil, o E-J7 é o primeiro sedã com essa característica a desembarcar por aqui. Traseira com queda suave do teto lembra um fastback Divulgação Em termos de design, o carro (feito em parceria com a Volkswagen, dona de 75% da unidade de elétricos da JAC na China) é elegante, tem linhas fluidas e perfil ascendente, com traseira no estilo fastback. A grade dianteira fechada entrega que se trata de um elétrico — é ali na frente, inclusive, que fica o conector para recarga, diferentemente da maioria dos veículos dessa categoria, que trazem a entrada para o cabo onde ficaria o bocal de combustível. Grande e completo Com 2,76 m de entre-eixos, espaço no banco traseiro é ponto positivo Divulgação O porte também impressiona: 4,77 metros de comprimento e 2,76 m de entre-eixos, o que garante um bom espaço interno, sem apertos para quem viaja atrás. Com 590 litros, o porta-malas é bem maior que o de seus “concorrentes” a combustão. O acabamento também é bem-feito, com preto brilhante e materiais como couro ecológico e alumínio. Chama a atenção a grande tela de 13” com disposição vertical no centro do painel, imitando um tablet. Apesar de ser simples de operar, a resolução poderia ser melhor, assim como a da tela de LCD de 10,25” do painel de instrumentos. E mesmo com uma boa lista de equipamentos, como teto solar panorâmico, faróis full-LED, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e seis aribags, alguns itens poderiam ser incluídos, como carregador por indução, controle de cruzeiro adaptativo e câmera 360 graus. Acabamento é bom, e tela de 13 polegadas é destaque na cabine do Jac E-J7 Divulgação Bom, mas vamos ao que interessa: como é a experiência de acelerar o E-J7? Equipado com motor elétrico de bons 193 cv e 34,7 kgfm, não há dúvidas de que o chinês tem força de sobra para sair na frente de um sedã tradicional. Além da vantagem do torque instantâneo, que transmite toda a força do motor no momento em que se pisa no acelerador, o modelo tem peso semelhante ao dos rivais a gasolina, então a suposta desvantagem dos carros que carregam baterias pesadas não entra nessa equação. Acelera. Mas na hora das curvas... Mas a vida não é uma pista de corridas, e é aí que os defeitinhos que ele tentava esconder do chefe na entrevista de emprego começam a aparecer. Vamos pegar o BMW 320i como exemplo, indicado pela própria JAC como o concorrente mais próximo, digamos assim, e que foi o carro com o qual eu participei da “disputa de arrancada” promovida pela marca. Ele pode até ter ficado para trás em um primeiro momento, mas na hora de contornar as curvas do circuito onde o lançamento foi realizado foi nítida a vantagem do alemão. A confiança transmitida pelo BMW ao desenhar o traçado e entrar com intensidade maior em curvas fechadas é digna de aplauso. Jac E-J7 não tem a mesma precisão e firmeza do BMW 320i Divulgação O E-J7, por sua vez, não tem tanta destreza, deixando o motorista mais cauteloso na hora de acelerar — ou melhor, de tirar o pé. Isso porque a direção se mostra muito leve, mesmo ajustada para o nível de assistência esportivo (na realidade, os parâmetros de assistência, leve, normal e esportivo, não mudam de forma drástica a percepção de quem dirige). Outro ponto é a calibração da suspensão, mais voltada ao conforto para atenuar o peso das baterias montadas no assoalho. Essas características, porém, são colhidas de impressões tiradas em uma pista de testes que, convenhamos, não é o habitat do E-J7. "Enchendo o tanque" com R$ 30 Ou seja, nosso contato com o sedã foi breve e promete ser melhor quando pudermos avaliá-lo no dia a dia. Uma das grandes vantagens do modelo é seu custo de abastecimento. A JAC apresenta um cálculo que leva em consideração a tarifa média da Aneel de R$ 0,62 por kWh: o consumo para cada 100 km rodados do sedã (12,5 kWh) custaria R$ 7,75. Plugue para recarga fica escondido sob uma tampa na dianteira Divulgação E mesmo que a autonomia declarada de 402 km seja calculada com base no ciclo NEDC (mais “otimista” e antiquado que o WLTP, mais utilizado atualmente), isso significa que o dono do E-J7 vai gastar cerca de R$ 30 para “encher o tanque”. É uma ótima notícia em tempos em que o preço dos combustíveis só aumenta. Você pode até argumentar que os proprietários do trio alemão não estão preocupados com o preço da gasolina, mas, ainda assim, ninguém quer rasgar dinheiro… No geral, a impressão que fica é positiva, já que é um carro elétrico moderno, bem equipado, com bom desempenho e mais barato que os equivalentes movidos a gasolina: custa R$ 264.900, R$ 34 mil a menos que o 320i. Ao que tudo indica, ele seria contratado. Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. Mais Lidas
source https://autoesporte.globo.com/testes/noticia/2022/02/teste-rapido-jac-e-j7-e-seda-eletrico-feito-com-a-volkswagen-e-que-acelera-mais-que-bmw.ghtml
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