Balanço de 2021: os pontos positivos e negativos de um ano turbulento


Um retrospecto do que aconteceu em um ano que valeu por dois. Em pleno combate à Covid-19, as pessoas e a indústria tiveram que voltar ao trabalho. Depois de 2021, o mundo nunca mais será o mesmo Parece que desistiram de falar que a Terra é plana, mas há quem ainda insista em defender que crianças não sejam vacinadas para reduzir ainda mais os efeitos da pandemia que parou o planeta por quase dois anos. A economia não vai bem e sofre com os soluços institucionais, mas ainda assim conseguimos listar algumas coisas boas que surgiram em nosso setor em 2021. Nesse balanço, não dá para deixar de falar do que não foi bem. Mas é bom lembrar para poder cobrar. OS PONTOS POSITIVOS (+) CRIANÇAS MAIS SEGURAS, APESAR DE JAIR Sancionado em outubro de 2020 pelo presidente da República, entrou em vigor em abril o pacote de mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Como destaque positivo, o Congresso Nacional não acatou a proposta inicial de Jair Bolsonaro de apenas advertir o condutor que não transportasse criança de até dez anos em assento adequado. Ao contrário, os congressistas incorporaram ao CTB a resolução de 2008 do Conselho Nacional de Trânsito, e ainda definiram a altura mínimo de 1,45 metro. Multa de R$ 293,47 e sete pontos na CNH para quem desrespeitar. Transportar criança de maneira errada rende multa de R$ 293,47 e sete pontos na carteira Getty Images O Congresso ainda elevou a idade mínima para transporte de crianças em motocicletas de 7 para 10 anos. Além de obrigatório, o capacete deve ser compatível com o diâmetro da cabeça da criança. Não respeitar essas determinações também é infração gravíssima. (+) RETOMADA DAS ATIVIDADES NA INDÚSTRIA Após o pico de contaminações e mortes provocadas pelo Sarscov-2 no Brasil, durante o segundo trimestre, o avanço da vacinação e a consequente queda nos casos permitiu a progressiva retomada das atividades em geral. Oito meses após a Mercedes-Benz encerrar a produção dos modelos GLA e Classe C na fábrica de Iracemápolis (SP), a unidade industrial foi comprada pela Great Wall Motors, em agosto. Mercedes-Benz vendeu para a Great Wall Motors a fábrica de automóveis que construiu no interior de São Paulo Divulgação O grupo chinês está ajustando a linha de montagem para produzir 100 mil veículos por ano. Para tanto, anunciou investimento de R$ 4 bilhões nos próximos cinco anos. A produção local deve começar em 2023, mas antes disso a empresa deve importar seus modelos, com destaque para picapes e SUVs. Duas mil vagas de trabalho devem ser criadas na operação. (+) NOVOS OLHARES PARA A ELETRIFICAÇÃO BYD (Build Your Dreams), outro empreendimento da China, anunciou o início da venda de carros elétricos no Brasil. A empresa já está instalada onde fabrica células fotovoltaicas e chassis de ônibus elétricos, entre outros produtos ligados à eletrificação. Veja também: Conheça os 11 carros híbridos que serão lançados no Brasil em 2022 Ao contrário de algumas previsões feitas no primeiro semestre de 2020, por conta do avanço da pandemia, a eletrificação de veículos ganhou velocidade. Volvo XC40 elétrico é caminho sem volta para futuro sem motores a combustão Projetos de carros e fábricas de baterias vêm sendo anunciados, e ainda receberam apoio político de peso, como o do presidente dos EUA, Joe Biden, que assinou ordem para a troca de 635 mil veículos da frota federal até 2035 por elétricos. A Volvo reafirmou sua meta de não vender mais modelos com motor a combustão e incluiu o Brasil – onde é importadora – em sua estratégia de eletrificação. (+) AVANÇO NA CONECTIVIDADE Apesar da crise de abastecimento dos semicondutores (leia mais a seguir), a conectividade do automóvel e a qualidade dos aparelhos multimídia continuaram avançando. Muitos sistemas agora dispensam a necessidade de um cabo para conexão com o smartphone, aplicativos de navegação, música e entretenimento tornaram-se nativos, alguns modelos passaram a incorporar assistentes de voz. Com a câmera 360 graus o condutor garante a segurança dele e dos pedestres Divulgação Antes restritos a modelos de alto luxo, câmeras para auxiliar em manobras com visão de todo o entorno do carro chegam a carros mais acessíveis. Através do smartphone já é possível destravar e travar portas, abrir vidros, acionar o ar condicionado e mesmo ligar o motor a distância. (+) AR MAIS LIMPO A entrada em vigor da sétima fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, o Proconve, determinou o fim da produção de modelos cuja adequação aos novos limites exigiria altos investimentos. Fiat Uno Ciao marca a aposentadoria do hatch fabricado no Brasil por quase 40 anos Divulgação Em nome de um ambiente mais limpo, Fiat Uno e Doblò, VW Gol e Voyage 1.6 manuais, Honda Fit e WR-V e outros tantos modelos tiveram produção encerrada em 2021. (+) A CHEGADA DO 5G Embora seguindo um cronograma de aplicação muito lento, a chegada do 5G ao Brasil vai impactar muito a conectividade dos veículos. A quinta geração da tecnologia para redes móveis e de banda larga é muito mais rápida e estável do que a atual 4G, e que vai permitir, por exemplo, atualizações remotas de sistemas eletrônicos embarcados. Conexão 5G está chegando ao Brasil e promete causar um grande impacto positivo no segmento automotivo Auto Esporte A conectividade entre os automóveis, a sinalização de vias urbanas e rodoviárias tem o potencial de aumentar a segurança e melhorar a fluidez do trânsito. (+) AUDI VOLTOU A FABRICAR NO PAÍS Após encerrar a produção do A3 Sedan da geração anterior em fevereiro, a Audi anunciou em dezembro que vai retomar até o meio de 2022. O modelo eleito para voltar a ser nacional é o Q3, cuja geração anterior foi produzida no Paraná de 2016 a 2019. O compacto será oferecido nas versões SUV e Sportback. Mais para entender 2021 OS PONTOS NEGATIVOS (-) FORD FECHA SUAS FÁBRICAS NO BRASIL A Ford abriu a safra negativa de 2021 com o anúncio de não mais produzir no Brasil. Interrompeu a montagem de EcoSport, Ka, Ka Sedan, Troller T4 e colocou as fábricas de Camaçari (BA), Horizonte (CE) e Taubaté (SP) à venda. Tornou-se importadora, e manteve um centro de desenvolvimento. Fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) foi a primeira da marca no Brasil a encerrar as atividades Divulgação (-) ONDE ESTÃO OS SEMICONDUTORES? A combinação do aumento expressivo da demanda por aparelhos eletrônicos e o incêndio em uma das maiores fábricas de chips da Ásia resultou no desabastecimento generalizado de semicondutores para a indústria automobilística. O componente é de largo uso nos sistemas eletrônicos do automóvel moderno, dos freios ABS às centrais multimídia. A falta dessas peças afetou a produção de veículos no mundo inteiro. As consequências são da falta de carros nas lojas à entrega de modelos com menos recursos eletrônicos de conforto. Produção do Chevrolet Onix na fábrica de Gravataí (RS) foi uma das mais prejudicadas pela falta dos semicondutores Divulgação Estimativas de especialistas dão conta de que oito milhões de veículos deixem de ser produzidos em 2021, com perda de receita superior a 200 bilhões de dólares para a indústria automobilística mundial. A normalização plena do abastecimento está prevista para 2023. O problema eletrônico teve um efeito colateral… (-) O AUMENTO DOS PREÇOS DOS CARROS USADOS Com a falta do componente, as filas para entrega de carros 0 km foram aumentando. O desabastecimento levou à procura de carros usados, e a demanda acabou por forçar o preço nas duas pontas. Falta de veículo 0km nas concessionárias fez a procura e os preços dos carros usados aumentarem Divulgação Alegando também aumento do aço, das resinas e dos fretes, entre outros custos, as montadoras aumentaram o preço dos novos em cerca de 15% em 2021. Já os seminovos chegam ao fim do ano custando até 30% mais do que em 2020. (-) MOLEZA PARA MAUS MOTORISTAS Um desejo do presidente Jair Bolsonaro passou nas mudanças do Código de Trânsito: desde abril, é possível cometer mais infrações antes de ter a CNH suspensa. Quem tem duas infrações gravíssimas (sete pontos) continua sujeito ao limite de 20. Veja também Agora, quem tem apenas uma no período de um ano, pode chegar aos 30 pontos. Quem não comete nenhuma gravíssima (como avançar o sinal vermelho), pode chegar aos 40 pontos em um ano. Motoristas profissionais, de ônibus e caminhões, por exemplo, podem chegar a esses 40 pontos não importa a infração cometida. Em outras palavras, condutores de van ou táxi, responsáveis por passageiros, podem dirigir na contramão, fazer conversões proibidas ou rodar colados no veículo à frente até oito vezes em um ano sem se preocupar com uma suspensão da CNH. (-) O AUMENTO ABSURDO DOS COMBUSTÍVEIS A desvalorização do real frente às moedas estrangeiras é uma das razões de um preço que vem assustando quem tem carro no Brasil. Após 11 aumentos consecutivos, e uma redução anunciada em 15 de dezembro, a gasolina chega ao fim de 2021 custando mais de 70% em relação ao ano passado. Gasolina fecha 2021 custando 70% mais que no ano anterior Getty Images Combustível foi o produto que mais teve o preço reajustado este ano no país, e os índices de etanol e diesel não ficaram muito abaixo. (-) O GOVERNO FEDERAL IGNOROU A MALHA VIÁRIA Dos R$ 19,9 bilhões investidos pelo governo em rodovias públicas em 2011, o valor caiu para R$ 7,4 bilhões em 2020: são 62,9% menos em nove anos. Apenas 12,4% de toda a malha rodoviária é pavimentada, de acordo com a Confederação Nacional dos Transportes. Investimentos Federais nas rodovias brasileiras recuou 62,9% entre 2011 e 2020 Auto Esporte A falta de asfalto, trechos precários e a baixa velocidade média dos caminhões é uma combinação que acaba impactando diretamente o preço dos alimentos e outras cargas que viajam por rodovias, o principal modal de transportes do país. Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. Mais Lidas

source https://autoesporte.globo.com/mercado/noticia/2021/12/balanco-de-2021-os-pontos-positivos-e-negativos-de-um-ano-turbulento.ghtml

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