Viajar de moto sozinha é o novo pretinho básico

Sou a favor de viver todas as experiências possíveis em cima de uma moto. Uma delas é curtir a solidão do capacete, onde as ideias se arranjam. A toada constante e segura, a visão dos elementos adiante e no retrovisor, as respostas precisas da máquina, tudo vai se tornando calma e a mente divaga. A pilotagem é zen? Se você quiser, pode ser. Com o planejamento adequado viajar de moto sozinha pode ser descomplicado, além de resultar em um “tempo para si” de qualidade.

O desafio para muitas motociclistas é sair da zona de conforto de um grupo e desenvolver a motivação para pilotar sozinha. Para algumas, no entanto, nem é preciso fazer muita força. Gabriela Oliveira Freitas, 34, é assim: com uma Triumph Tiger 800 recém-comprada reluzindo na garagem, ela decidiu que era hora de se aventurar pelas estradas de Minas e São Paulo.

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“Rodei lentamente por 1.500 quilômetros, a intenção era curtir a estrada. Saí de Belo Horizonte e passei por Ouro Preto; Tiradentes; Monte Verde; Caxambu e Campos do Jordão, em São Paulo, e voltei por Gonçalves; Maria da Fé e São Thomé das Letras”, conta ela, que atua como servidora pública e professora de direito.

Decisão tomada, o planejamento de viagem foi relativamente fácil: “Comprei minha Tiger 2019 com apenas 7.000 km. O segredo é estar com as manutenções sempre em dia”, diz ela. “Então, basicamente foi preciso só calibrar os pneus, conferir o óleo e lubrificar a corrente”.

Gabriela Oliveira Freitas
Gabi Freitas e sua Triumph Tiger 800: mala editada, família avisada e pé na estrada com a “desculpa” de inaugurar a moto nova

Criada em uma família de motociclistas, a parte mais difícil da viagem foi justamente convencer o pai e irmão de que ela queria – realmente – viver a experiência de uma viagem solo. Acostumados todos a viagens de grandes distâncias – como no deserto do Atacama e percorrer o Nordeste –, eles conhecem como ninguém os perigos da estrada.

“Meu argumento para convencê-los foi simples: se acontecer alguma coisa, estarei em um raio de 500 km de BH. Aciono o seguro e volto de reboque para casa”, diz ela.

“Adoro me sentir desafiada. Então, fico eufórica em superar uma estrada difícil. No Chile, peguei um dia inteiro de tempestade, rodamos 600 km num dia. O velocímetro da minha antiga moto, uma Harley, parou de funcionar quando ainda estávamos em Santa Catarina. Esse tipo de perrengue a gente só enfrenta, não tem como contornar”, conta.

Para viajar de moto sozinha, Gabi fez todo o planejamento financeiro e de rotas. “Gosto de descobrir a gastronomia e atrativos das regiões. No meu roteiro teve degustação de vinhos, de cervejas e azeites especiais. Estabeleço uma meta de gastos com hospedagem, gasolina, emergências e também esses pequenos prazeres”, diz.

Sobre o trajeto, ela conta que estudou cada trecho da estrada, para não correr o risco de ser surpreendida. “Mas apreendi também que improvisos fazem parte e me divirto bastante. Então, apesar de todo o planejamento, topo jogar tudo para o alto e mudar os planos, se for o caso”.

Experiência de moto na África

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Kimie em sinergia total com a moto: ela aprendeu a se virar nas adversidades

“O mundo não tem fronteiras e minha casa é o mundo”. Foi com esse pensamento que, aos 28 anos, a paulistana Kimie Koike decidiu percorrer a África de moto. Após o convite despretensioso de uma amiga argentina e alguns meses de preparação, ela partiu para o Marrocos para, de lá, ir até a África do Sul em uma moto alugada, pela costa Oeste.

“Para o meu pai foi mais difícil de contar, porque ele é apavorado com a imagem da África e com moto, e eu sou a única filha dele. Minha mãe foi mais tranquila e me deu muito apoio”, diz ela.

Desincentivo

“O mais engraçado é que eu mandei e-mails para todos os consulados brasileiros nos países que eu pretendia passar e todos eles responderam ‘que isso não é uma boa ideia’. Mas eu não sei porquê eu estava muito decidida, eu só sabia que tinha que ir e queria muito ter essa experiência”.

Apesar de viajar com uma amiga, Kimie se viu sozinha em vários momentos. “Ela tinha uma meta de conhecer todos os países do mundo de moto, então nos separávamos para ela cruzar uma fronteirinha ali do lado, só para dar um ok naquele país”, diz.

“A gente ia pensando nas rotas e quanto tempo ficaríamos em cada lugar, foi um processo muito vivo e dinâmico. Na primeira vez que nos separamos, pensei: ‘Mas como eu vou pegar uma estrada sozinha? Socorro!’. Com o tempo e as experiências, isso deixou de ser um problema”.

5 dicas para viajar de moto sozinha

Chip de internet

Parece bobo, mas ter um celular com chip de internet salva a vida quando os problemas aparecem ao viajar de moto. Se perdeu? Internet. Problemas de última hora na hospedagem? Internet. Precisa dar sinal de vida? Internet.

2. Mapa off-line

Mesmo com chip de internet, é sempre bom estar preparada. Algumas opções são o Citymapper, a ferramenta Ok Maps do Google Maps e o Navmii. Esses aplicativos têm opções como salvar trajetos ou locais para consultar depois, além do download do mapa em si.

3. Spot

O spot é um aparelho menor que um celular, conectado a satélites. Dessa forma consegue triangular exatamente sua localização e até disponibilizá-la no Google Maps, além disso é possível cadastrar alguns contatos para receber mensagens pré-editadas. São quatro funcionalidades: uma de que está tudo bem, outra para informar sua localização, outra para avisar que precisa de ajuda e a última de emergência. Custa cerca de 120 dólares na Amazon.

Entenda como o Spot funciona (em inglês)

4. Peças de reposição e ferramentas

Ao viajar de moto, tente levar (e saiba como usar) vela de ignição, lâmpadas sobressalentes, uma emenda de corrente, reparador instantâneo de pneu sem câmaras ou spray para enchimento emergencial de pneus com câmara.

5. Overnight

O Overnight é uma plataforma de hospedagens feita exclusivamente para mulheres. Funciona como um couchsurfing só para garotas, apoiado em uma comunidade no Facebook.

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