Vale a pena ter um carro que saiu de linha? Desvalorização é maior?

Em 2021, vários veículos deixaram de ser fabricados no Brasil. A lista inclui Volkswagen up!, Toyota Etios (hatch e Sedan) e Citroën AirCross, além das gamas Ford Ka e EcoSport. Também engrossa a lista o Fox: embora o fabricante não confirme, o site Autos Segredos informa que a produção do modelo já foi encerrada. Mas o que os proprietários devem fazer? Um carro que saiu de linha vale a pena no mercado de usados? E como ficam as peças de reposição?

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Se você é dono de algum desses veículos, eis uma boa notícia: não há motivo para grandes temores. É o que explica Paulo Roberto Garbossa, consultor de mercado da ADK Automotive. O especialista elucida que um carro que saiu de linha, mas obteve boa aceitação do público e foi produzido em grande quantidade, continua tendo demanda tanto no mercado quanto por peças.

E as peças para um carro que saiu de linha?

Garbossa cita como exemplo modelos como Volkswagen Fusca e Chevrolet Monza: ambos deixaram de ser produzidos há 25 anos, mas ainda são vistos com relativa frequência circulando pelas ruas. “São carros que, até hoje, têm boa procura no mercado de usados e grande oferta de peças”, sintetiza.

E isso vale, inclusive, para os veículos nacionais da Ford, que fechou todas as suas fábricas no Brasil no último mês de janeiro. O consultor da ADK pondera que:

O Ka foi produzido por muito tempo (23 anos) e chegou a ser o terceiro carro mais vendido do país. Fabricantes de peças de reposição não vão deixar de atender a um mercado desse tamanho.”

Ademais, Garbossa acrescenta que veículos como Ka, Fiesta e EcoSport têm mecânica simples e já são bastante conhecidos pelos reparadores, o que facilita a manutenção. Por fim, ele lembra que alguns componentes, como discos e pastilhas de freio, buchas de suspensão e até bombas d’água de motores, podem compartilhados por vários veículos, inclusive de diferentes fabricantes. Essa prática chama-se comunização de peças.

Boris Feldman já falou sobre essa questão em vídeo: assista!

Um carro que saiu de linha desvaloriza mais?

O dono de um carro que saiu de linha, na visão de Garbossa, também não precisa, necessariamente, temer a desvalorização. De acordo com o especialista, pode acontecer uma depreciação mais acentuada logo depois que o veículo deixa de ser fabricado, mas, posteriormente, o valor do bem tende a voltar à média do mercado.

Entretanto, o consultor salienta que diferentes variáveis podem influenciar o mercado de usados e, consequentemente, os preços dos veículos. “Hoje, um carro seminovo está valendo mais que um zero-quilômetro. Tudo depende do momento do mercado”, avalia.

Até mesmo veículos importados ou fabricados no Brasil em pequenas quantidades, segundo Garbossa, podem sofrer baixa depreciação ou mesmo valorização: tudo depende da demanda. Ele cita como exemplo os automóveis da Alfa Romeo, que não atua no Brasil desde 2006. Apesar disso, alguns modelos da marca valorizaram nos últimos anos. “Existe um público que adora esses carros e paga bem por eles”, conclui.

Números de mercado

Dados de mercado confirmam a análise de Garbossa. A pedido do AutoPapo, a Kelley Blue Book (KBB), especializada em precificação de veículos, fez um levantamento com oito automóveis que saíram de produção desde o ano passado. A base de comparação é a do valor zero-quilômetro, logo antes do encerramento da produção, e o preço no mercado de usados no último mês de agosto.

Os números revelam que não há um padrão para um carro que saiu de linha, ao menos entre os modelos: há tanto veículos cujos preços variaram abaixo quanto acima da média dos respectivos segmentos; metade deles até apresentou valorização. Confira:

Veículo Variação de preço Variação média do segmento
Volkswagen up! 2020 8,79% 1,76%
Ford Ka hatch 2021 -3,68% -010%
Toyota Etios hatch 2021 5,10% 0,96%
Ford Ka Sedan 2021 -2,94% 1,32%
Toyota Etios Sedan 2021 1,55% -2,10%
Chevrolet Cobalt 2020 0,81% 3,14%
Ford EcoSport 2021 -0,58% 0,88%
Fiat Weekend 2020 -17,25% -0,84%*

*Como a Fiat Weekend era a única perua do mercado quando saiu de linha, a variação de valor comparativa tem por base o segmento de monovolumes, que são os veículos mais próximos em termos de proposta.

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