Seguro do carro por quilômetro rodado vale a pena?


Serviços personalizados oferecem economia para quem não usa o veículo com frequência, mas tudo depende do perfil do motorista Como a empresa para a qual trabalhava pagava pelo seu deslocamento, o gerente comercial Daniel Rocha conta que rodava pouco com seu Chevrolet Onix 2013. “Meu carro ficava na garagem a semana inteira. Nos fins de semana, às vezes, eu saía com ele. Mesmo assim, não queria deixá-lo sem seguro. Em uma ‘saidinha’ você pode perder um patrimônio de R$ 30 mil”, diz. Foi esse cuidado que levou Rocha, de 44 anos, a decidir assinar o seguro com pagamento Pay Per Use, em janeiro de 2020. Na modalidade, o cliente paga conforme a quilometragem rodada. “Vi um anúncio que dizia ‘pague por quilômetro rodado’ e fui pesquisar.” Assim, o gerente encontrou a Thinkseg, startup que oferece o produto em parceria com a seguradora Mapfre. O serviço está disponível no Brasil desde agosto de 2019, quando a Superintendência de Seguros Privados (Susep) autorizou esse tipo de contratação. Cotações de seguro para um Chevrolet Onix 1.0 de 2013 Envato “É como se fosse uma assinatura mensal de streaming”, explica André Gregori, CEO da Thinkseg. O motorista contrata o serviço e paga mensalmente um valor que varia conforme os trajetos percorridos. A cada 30 dias uma nova apólice é gerada. Todos os procedimentos (contratação, atendimento, pagamento e cancelamento) são feitos online pelo aplicativo, e o cliente pode cancelar o seguro quando quiser, sem multa e com ressarcimento da mensalidade de acordo com o que já foi usado. Nesse novo modelo de seguro, o cliente paga um valor fixo e mais um adicional por quilômetro rodado. A taxa fixa na Thinkseg parte de R$ 25 e varia de acordo com o carro e o comportamento do motorista. “Para desenvolver o valor personalizado para cada cliente usamos muito de inteligência artificial, algoritmos e informações públicas”, diz Gregori. Já o preço por quilômetro rodado — que não passa de alguns centavos — é calculado por telemetria, tecnologia (disponível no aplicativo da empresa) que capta os deslocamentos do carro. Ou seja, o condutor deve sempre levar o celular quando for dirigir. Para não haver cobrança incorreta, o sistema detecta se o motorista está usando outro transporte que não seu veículo. Rocha não trabalha mais na empresa que pagava seu transporte. E, com a chegada da pandemia da Covid-19, passou a trabalhar em casa, mas ainda sente que economiza com o seguro personalizado. Hoje existem várias formas de fazer o seguro de um carro Thinkstock Com as poucas saídas do gerente comercial, seu seguro custa, em média, R$ 84 (preço fixo) mais R$ 0,07 por quilômetro rodado ao mês. Ele diz que, quando fez a cotação pela empresa, comparou com valores de seguros tradicionais, que saíam por cerca de R$ 1.500 por ano. Economia e personalização são as características que mais chamam a atenção do consumidor. O CEO da Thinkseg revela que a startup evoluiu mais que o esperado. “Temos crescido de 20% a 35% a cada mês e conseguimos manter 95% dos nossos clientes mensalmente.” Esse foi o caso de Thiago Hoffling, de 36 anos, que passou a utilizar o serviço Pay Per Use no final de 2020, após entrar em regime de home office em função da pandemia. Recentemente trocou o carro e não deixou de utilizar os serviços da empresa. O seguro da sua antiga Fiat Toro Freedom 2018 custava cerca de R$ 75 por mês, mais R$ 0,20 por quilômetro rodado. Como Hoffling não mudou sua rotina, ao trocar a picape por um VW Nivus em agosto deste ano, decidiu continuar com a Thinkseg. “O valor gasto ainda compensa, mas é mais caro; a taxa fixa custa R$ 86 devido ao preço do SUV — que também é mais salgado [R$ 115.790]”, explica. Saiba mais O serviço Pay Per Use tem sido incorporado por outras seguradoras. A Youse, empresa que funciona desde 2016, passou a oferecer a modalidade no início de 2020, com a promessa de assinaturas online — rápidas e práticas. Voltado para quem percorre até 300 km ao mês, o serviço pretende promover economia de até 30% em relação aos seguros convencionais. Chamado Seguro Auto por Km, o serviço oferece contratação, cobrança, pagamento e cancelamento de modo similar ao da Thinkseg. O valor da mensalidade também é formado por uma taxa fixa (que varia conforme o plano selecionado e as assistências) e alguns centavos por quilômetro rodado. Mas as tecnologias usadas para a cobrança são diferentes. Enquanto a startup usa a telemetria, a Youse conta com dados fornecidos pelos clientes. “Todo mês o motorista digita a quilometragem do carro no aplicativo da Youse e manda fotos do hodômetro”, diz Lenara Londero, gestora de produto da empresa. Ela revela otimismo com a modalidade: “Temos crescido cerca de 20% por mês". Segundo as empresas, a pandemia foi um dos fatores que contribuíram para a inserção desse modelo de seguros no mercado, já que as pessoas pararam de sair tanto com o carro. Rodrigo Rodrigues é dono de um Fiat Punto 2014 Arquivo pessoal Assim como Rocha e Hoffling, o supervisor comercial Rodrigo Rodrigues, 39 anos, também passou a trabalhar em casa e deixou de rodar com seu Fiat Punto 2014 com tanta frequência. “Antes usava a seguradora Bradesco e pagava R$ 300 ao mês. Na modalidade por quilômetro rodado da Youse eu pago cerca de R$ 180 mensais.” Ele conta ainda que antes de fechar negócio procurou a Thinkseg, cuja mensalidade era mais baixa. A startup, porém, não cobria seu carro. “Fiz propostas, mas disseram que só cobriam veículos de até cinco anos.” Dessa forma, optou pela Youse, que é mais cara, mas tem cobertura para o hatch. Hoffling e Rodrigues dizem não sentir falta dos seguros convencionais. Já Rocha se preocupou a perda de coberturas oferecidas por planos completos, como atendimento residencial 24 horas: “Com meu antigo seguro, o encanador foi em casa desentupir meu banheiro”. Ricardo Nogueira, diretor de varejo da corretora MDS Brasil, afirma que esses planos cobrem apenas serviços essenciais — casos de Thinkseg e Youse, que protegem contra roubo, furto, batidas, perda total e parcial, guincho, assistência 24 horas, danos morais e materiais, desastres da natureza, incêndios, reparos de vidros e troca de pneus, além de dar cobertura para terceiros. A Youse oferece ainda chaveiro e transportes alternativos. Por isso, Nogueira lembra que é importante conferir sempre se o valor da mensalidade do seguro a granel compensa no fim do mês, levando em consideração as coberturas tradicionais. Ele ressalta que, se o carro é usado com frequência, o Pay Per Use pode ter custo próximo ao dos convencionais; no entanto, se o condutor dirigir cerca de 100 km por semana, a contratação personalizada vale a pena. Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. Mais Lidas

source https://autoesporte.globo.com/servicos/seguros/noticia/2021/09/seguro-do-carro-por-quilometro-rodado-vale-a-pena.ghtml

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