Descarbonização: carro elétrico é apenas um dos caminhos e Brasil tem soluções próprias

As soluções para a descarbonização estão na mesa e o Brasil pode assumir a vanguarda entre os países em desenvolvimento. Enquanto a Europa, sem muita alternativa, prepara a eletrificação da sua frota por meio de baterias, por aqui, temos alternativas mais baratas e mais adequadas ao nosso poder de compra – bem mais precário que alguns dos países do hemisfério norte.

Vale lembrar que os carros 100% elétricos mais baratos do Brasil são subcompactos na faixa de R$ 150 mil. Enquanto isso, por aqui, discute-se maneiras de baixar o preço dos carros de entrada para R$ 55 mil, o chamado “novo carro popular”. Há um claro descompasso.

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Até mesmo no chamado Velho Continente há a relação documentada entre a renda da população e a capacidade de comprar carros eletrificados – movidos totalmente a bateria ou híbridos plug-in. Levantamento da Acea, associação europeia das montadoras, concluiu:

  • Os carros eletrificados representam 21,6% dos emplacamentos na União Europeia em 2022, mas têm apenas uma participação de mercado de 9% ou menos em mais da metade dos estados membros.
  • As participações mais elevadas (mais de 30%) concentram-se em apenas cinco países da Europa do Norte e Ocidental , onde o rendimento líquido anual ultrapassa os 32 mil euros (R$ 173 mil)
  • Na Suécia , onde o rendimento líquido anual é superior a 35 mil euros (R$ 189,3 mil), mais da metade dos carros recém-registrados são eletrificados.
  • Em contraste, estes veículos têm uma participação de mercado de apenas 4% na Bulgária , onde a renda é de cerca de 7.000 euros (R$ 35,8 mil).

E no Brasil? A participação dos eletrificados em nosso mercado também é modesta: 2,5% dos carros novos emplacados no Brasil em 2022. Se forem considerados apenas os veículos 100% elétricos e os do tipo híbrido plug-in, este número é de 0,9%. Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Qual a solução?

A Stellantis parece querer assumir a ponta nesta “corrida” e já faz “campanha aberta” pelo uso do etanol como combustível propulsor em busca deste futuro que está tão próximo. O combustível derivado da cana é a melhor alternativa, segundo estudos apresentados pelo grupo automotivo, ao emitir menos CO2 no cálculo do “poço à roda”.

Curto prazo

O grupo transnacional, que tem sob o seu guarda-chuvas marcas como Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot, defende que o etanol, combinado com tecnologias de eletrificação mais acessíveis, como os híbridos leves, é a solução mais adequada socialmente e economicamente. A expectativa é de que a Stellantis lance um carro híbrido leve flex (ou puramente a etanol) já em 2026. Este desenvolvimento visa atender tanto as demandas da próxima fase do Proconve, a L8, quanto as do Rota 2030.

Outras montadoras também investem em soluções semelhantes, como a Volkwagen. A Toyota, por exemplo, foi pioneira com o lançamento do híbrido convencional flex com o Prius. Esse tipo de powertrain seria apenas a porta de entrada na eletrificação e híbridos plug-in e modelos 100% elétricos também estarão no portfólio das montadoras. A solução não passa apenas por um caminho.

Futuro

Esta transição energética que estamos vivendo pode ser uma oportunidade para o Brasil assumir o protagonismo em energia limpa e descarbonização. Já temos uma enorme vantagem ao ser o segundo país que mais utiliza energia renovável (apenas atrás da Noruega). Outras nações em desenvolvimento, como a Índia, por exemplo, podem absorver a nossa tecnologia de produção de etanol e carros flex.

Em um segundo estágio, o etanol pode ser fonte de hidrogênio em carros movidos com as chamadas ‘células de combustível’ – já existem diversos estudos em andamento, com a VW e a Toyota em parceria com universidades brasileiras.

Isso sem falar no hidrogênio verde (HVO), que em seu ciclo de vida emite de 50% a 90% a menos de gases de efeito estufa em comparação com o diesel fóssil. E falando nesse combustível, esta é uma discussão que segue reduzida por aqui, enquanto o setor de pesados (ônibus e caminhões) é responsável por mais da metade das emissões relacionados ao setor de transporte no Brasil.

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