‘Motor moderno não dura nada’ – mas a culpa é sua!
Aos senhores que falam que quem gosta de motorzinho é dentista… Sinto muito, o downsizing – motores pequenos sobrealimentados para substituir os de cilindradas maiores – é um caminho sem volta na indústria automotiva.
“Nossa… Outra coluna sobre isso. Não vai falar nenhuma novidade?”, deve estar se questionando o meu querido – e impaciente – leitor. Não, não vou! Na verdade, eu vim reclamar aqui, e quem leu as colunas anteriores sabe que essa é a “especialidade da casa”.
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Esclarecimento feito, vim reclamar do brasileiro que parou no tempo quando o assunto é cuidado com o carro. Dá-lhe água “torneiral” no radiador, colocar o óleo “que eu sempre coloco e nunca tive problema antes”, “seguir o manual é bobagem, as montadoras só querem seu dinheiro” e blá blá blá…
Aí o que acontece? O motor quebra! A transmissão quebra! O radiador fura! E por aí vai… Mas o que isso tem a ver com o primeiro parágrafo desse texto? Motor pequeno com alto rendimento demanda muito mais cuidado. É isso que tem a ver…
A maioria dos que reclamam estão acostumados com motores que aceitavam serem maltratados. Imagina um seis cilindros de sei lá quantos litros que rendia uns 100 cv. Sobrava motor: eram pouco eficientes, trabalhavam com folgas maiores, giravam pouco, materiais mais “rústicos” na sua fabricação.
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Hoje, um propulsor com menos da metade do tamanho é capaz de entregar a mesma (ou mais) potência. Claro que isso demanda o uso de muita tecnologia, eletrônica, materiais nobres e o mínimo desperdício de energia – peças mais ajustadas, com pouca folga.
Comandos variáveis, sistemas mais eficientes de gerenciamento térmico, conjuntos híbridos ou híbridos leves… Claro que isso demanda uma manutenção criteriosa: uso de lubrificantes com alta carga de aditivação (não confundir com ‘aditivos milagrosos‘), uso de fluido de arrefecimento com compostos específicos e, claro, respeitar o plano estabelecido pelo fabricante.
Claro que existem erros de projeto, falhas na produção. Mas são minoria diante do volume de produção das montadoras.
Brasileiro é porco
Mas brasileiro é porco na manutenção do carro. Adora uma gambiarra! Adora inventar alguma solução meia-boca. Adora questionar o plano de manutenção da montadora. E se der tudo errado? Passa a “bomba” pra frente como se nada tivesse acontecido.
Além de tudo, adora ser engenheiro mecânico e inventar moda. “Eu sei o que é bom para o meu carro”. Aí dá tudo errado, vem choramingar na caixa de comentários dos sites/canais de YouTube.
Soca pressão no motorzinho 1.0 turbo, manda as bielas para o espaço e começa a esbravejar “ah, mas esses 3 cilindros são uma porcaria. Bom mesmo era o APezão que aguentava ‘doisquiloemeio’ no turbo”. Para, né?
Motor pequeno tem motivo
As montadoras investem cada vez mais em tecnologia, pois tem que atender normas cada vez mais rígidas de emissões de poluentes. Sim, esse é o principal motivo. Além disso, os motores têm que durar sob as mais diversas condições, com as mais variadas qualidades de combustível. Elas declaram que a expectativa de vida útil de um propulsor atual é de 250 mil km.
É mais baixo do que as unidades de 20 ou 30 anos atrás? Claro que é! Mas, juntamente com uma manutenção mais exigente, é o preço a se pagar pelo alto rendimento desses motores modernos.
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