Maus hábitos dos brasileiros fazem montadoras mudar carros

  • O motorista brasileiro costuma ter alguns maus hábitos ao volante.
  • Para agradar ao público e vender mais, os fabricantes se adaptaram a essas manias.
  • Confira nessa lista cinco dessas mudanças.

Cada pessoa é única e possui suas manias e peculiaridades. Mas graças a vida em sociedade, é possível notar certos hábitos que se popularizam em pessoas da mesma cultura. E mesmo com uma diversidade tão grande, alguns hábitos se espalharam pelos motoristas brasileiros, indo parar na prancheta dos engenheiros automotivos.

Grande parte dos carros vendidos aqui são adaptados para o gosto local ou projetados no Brasil tendo o brasileiro em mente desde o começo. Os projetistas buscam maneiras de deixar os carros mais ao gosto do público, mesmo quando precisam tomar decisões estranhas apenas para garantir as vendas. Vamos listar algumas dessas peculiaridades dos carros que são frutos de hábitos ruins dos brasileiros.

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1. Programação do acelerador

fiat palio sporting interior detalhe pedaleira
Pisa um pouco e o carro arranca rápido. Não é motor forte, é programação do acelerador (Foto: Fiat | Divulgação)

A Fiat é uma marca que entende muito sobre o público brasileiro e projeta aqui carros focados no nosso país tropical. Ela é um dos fabricantes que notaram o hábito do brasileiro não usar todo o curso do pedal do acelerador. Muitos exigem desempenho do carro, mas não pisam fundo com receio do consumo de combustível.

Para deixar os seus carros parecendo mais esperto em arrancadas, alguns fabricantes programaram o acelerador eletrônico para abrir muito a borboleta de admissão no primeiro terço do curso do pedal. O resultado disso são arrancadas fortes e sem suavidade para quem não está acostumado com essa programação.

2. Relações de câmbio muito curtas

volkswagen polo 2002 vemelho dianteira visto de cima
O primeiro Polo nacional gritava a 4.600 rpm a 120 km/h; seu câmbio é mais curto que o do esportivo Renault Sandero RS, que gira a 3.500 rpm na mesma velocidade (Foto: Volkswagen | Divulgação)

Hoje o câmbio automático está se tornando maioria no mercado brasileiro. Quando o manual era a preferência, o consumidor já dava sinais de que não queria trocar marchas: achava ruim se o carro não fosse capaz de arrancar da imobilidade na segunda marcha ou sair de um quebra-molas na terceira.

Essa preguiça de reduzir as marchas obrigou os fabricantes a encurtar a relação do câmbio nos compactos. Chegando a extremos como o da caixa de marchas do Volkswagen Polo de quarta geração, que era curta a ponto de fazer o carro gritar a mais de 4.000 rpm rodando a 120 km/h. A VW resolveu isso mais tarde alongando as marchas.

3. Insistência nos motores de oito válvulas

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O motor Firefly da Fiat traz duas válvulas por cilindro para agradar ao gosto brasileiro (Foto: Fiat | Divulgação)

Apesar de a potência ser o número mais usado nas publicidades, o brasileiro gosta de torque. Arrancadas vigorosas quando o sinal abre, sair do quebra-molas sem reduzir marcha e exigir desempenho usando pouco acelerador são hábitos que “combinam” com um motor que produz torque em baixas rotações.

Tradicionalmente, um motor com duas válvulas por cilindro tende a responder melhor em baixa rotação que um similar com quatro válvulas por cilindro. Esse é um dos motivos para muitos fabricantes terem oferecido motores de 8 e 16 válvulas para no final matar o cabeçote com mais válvulas.

Exemplos não faltam: Fiat, Ford, Chevrolet, Volkswagen e Renault tiveram motores com opções de 8 ou 16 válvulas, mas apenas uma delas resistiu no mercado. Tecnologias como comando de válvulas variáveis resolveram isso e deram mais elasticidade para os motores multiválvulas.

Hoje ter quatro válvulas por cilindro se tornou o padrão, as exceções são os motores Firefly aspirados da Fiat e alguns motores de projeto antigo como o Fire e o Família 1 da Chevrolet.

4. Medidor de temperatura que “mente”

painel de chevolet vectra 2011 iluminacao noturna 1
O certo seria o ponteiro estar no meio para marcar a temperatura normal de funcionamento, mas os clientes pensavam que o carro estava quente demais (Foto: Eduardo Rodrigues | AutoPapo)

Uma picaretagem antiga dos mecânicos de mau-caráter do Brasil é recomendar tirar a válvula termostática do motor. Isso faz que mais líquido de arrefecimento circule pelo motor e ele trabalhe mais frio. Só que um motor não foi projetado para trabalhar frio, ele possui uma faixa de temperatura ideal para o funcionamento.

A faixa normal no termômetro do líquido de arrefecimento deveria ser no meio da escala. Mas por algum motivo, muitos motoristas acham que o ponteiro no meio indica que o motor está quente e gera reclamação nos concessionários.

Para evitar esse tipo de dor de cabeça, alguns fabricantes criaram uma calibragem mentirosa nesse instrumento: a faixa ideal de trabalho é no primeiro quarto da escala. O problema é que quando o ponteiro chega no meio o carro já está superaquecendo. Felizmente, essa calibragem está em desuso.

5. Luz de troca de marcha

painel chevrolet monza com luz de troca de marcha acesa
A setinha no canto do painel indica a troca de marcha para garantir a economia (Foto: YouTube | Reprodução)

O brasileiro é muito preocupado com o consumo de combustível desde a crise do petróleo nos anos 70. Por isso o pacote de tropicalização dos carros costuma incluir um tanque maior, capaz de proporcionar maior autonomia e menos visitas ao posto.

Às vezes os fabricantes tentam ajudar o motorista a economizar: a Fiat usou um econômetro no painel do Palio e do Mille, já a Chevrolet adotou no Monza uma luz que indica a troca de marcha na faixa de melhor economia.

Só que o motorista brasileiro não queria receber ordens de uma luzinha, ele sabe mais que o carro sobre a hora de trocar as marchas. Para cessar as críticas, o Monza perdeu essa luz. Na reestilização da terceira geração do Vectra em 2009 essa luz voltou. Dessa vez com um botão para desativá-la.

Bônus: Luz de neblina do Fiat Bravo

fiat bravo t jet traseira
Bravo com duas luzes de ré só existe no modelo feito aqui, na Europa uma das luzes é de neblina (Foto: Fiat | Divulgação)

Admita, você já ficou preso no trânsito ou na estrada atrás de um Fiat Stilo com aquelas luzes traseiras de neblina ligadas e sem nenhum sinal de neblina. Parece que os engenheiros do fabricante italiano também passaram por essa situação inconveniente.

Na Europa esse tipo de luz é obrigatória, mas no Brasil não. Sabendo que as luzes de neblina são muito usadas de maneira errada por aqui, a Fiat removeu a traseira do Bravo. No lugar entrou uma segunda luz de ré. O farol de neblina dianteiro é mais fácil de ser visto aceso em tempo limpo que com a dita cuja, mas os motoristas acham bonito rodar com ela acesa e seria um fiasco removê-la.

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