Posso confiar nas peças de carros paralelas? Saiba como escolher
A oferta de peças genuínas costuma ser ampla para carros novos, mas esse cenário é diferente para modelos mais antigos ou importados: proprietários desses veículos nem sempre conseguem encontrá-las, ou então, quando localizam alguma delas, podem ter que pagar preços exorbitantes.
Nesses casos, a solução, muitas vezes, é a aquisição de componentes conhecidos como “paralelos”, que não têm a chancela do fabricante do veículo. Mas esses itens têm qualidade? É possível confiar neles?
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Primeiramente, vale destacar que o mercado brasileiro de peças de reposição independente para carros é um dos maiores do mundo: movimenta cerca de R$ 140 bilhões por ano, somando serviços e componentes, de acordo com a Fraga Inteligência Automotiva, empresa especializada no fornecimento de dados para esse setor.
O diretor de inteligência de mercado da empresa, Danilo Fraga, explica que existem produtos com os mais diversos tipos de origens. “São mais de 80 grandes empresas de fabricação e distribuição de autopeças, que, inclusive, fornecem para a indústria automotiva. São marcas consagradas, como Bosch, Mahle, Cofap, Valeo, que vendem seus produtos fora da rede de concessionárias, no mercado paralelo.”
Porém, existem também itens feitos de maneira semiartesanal, popularmente classificados como “de fundo de quintal”. Fraga também chama a atenção para as autopeças importadas, mas de má qualidade, que se tornaram comuns nos últimos anos. Isso, sem falar nos componentes usados e até mesmo nos falsificados.
Prefira fabricantes tradicionais e renomados
O primeiro passo é, justamente, optar por marcas que têm tradição e renome no mercado. Se o consumidor tiver dúvidas ou desconhecimento sobre o mercado de peças, o ideal é pedir a opinião de um mecânico de confiança ou de outro profissional acostumados a lidar com reparação de carros.
Fraga pondera que a maioria das peças dos carros não é certificada pelo Inmetro, de modo que muitos itens de boa qualidade podem não contar com selo desse órgão. Apenas alguns componentes, quase todos ligados à segurança veicular, têm diretrizes de aprovação estabelecidas pela agência. Confira, a seguir, quais são esses itens:
- Material de atrito para freios (lonas e pastilhas)
- Líquidos para freios hidráulicos
- Baterias chumbo-ácido
- Amortecedores
- Rodas (de aço e de alumínio)
- Anéis de pistão
- Bronzinas
- Pistões, pinos e anéis de trava
- Terminais e barras de direção
- Bomba elétrica de combustível (para motores ciclo Otto)
- Buzinas
- Lâmpadas
- Componentes para motocicletas (coroa, pinhão, corrente e escapamento)
Fuja de peças e serviços para carro sem garantia
O Código de Defesa do Consumidor estabelece uma garantia legal de de 90 dias para bens duráveis e serviços, incluindo automóveis e serviços de manutenção. Portanto, quem não oferece essa cobertura mínima já está, automaticamente, irregular. Trata-se de um sinal claro de alerta, tanto sobre a qualidade da autopeça quanto sobre a idoneidade de quem a vende.
O diretor da Fraga Inteligência Automotiva lembra que o varejo também é responsável por prestar a devida assistência ao consumidor. Por isso, ele recomenda: “o comprador deve procurar lojas de boa reputação, que tenham fornecedores de qualidade.”
Desconfie de preços muito baixos
Conhecer o comerciante é essencial para colocar peças de boa qualidade no carro. Fraga opina que, com a ascensão das vendas online, cresceu a oferta de componentes de má-qualidade, piratas ou até mesmo roubados: “na internet, geralmente, você não conhece o vendedor: é um mercado negro”.
Por isso, mesmo que o consumidor opte por comprar peças para o carro pela internet, deve buscar por lojas renomadas, que ofereçam garantia e nota fiscal. Outra dica é desconfiar de componentes vendidos por preços muito abaixo daqueles praticados no mercado: trata-se de outro indício de que o produto não oferece qualidade, ou então tem origem ilícita.
Tecnologia é aliada contra a pirataria
Muita gente nem sabe, mas autopeças também são alvo de pirataria. Esses produtos, muitas vezes, vêm em embalagens lacradas e ostentam marcas famosas. Entretanto, não foram fabricados pela empresa anunciada e, claro, tampouco têm a devida qualidade. De acordo com Fraga, lâmpadas, rolamentos e amortecedores estão entre os itens mais falsificados.
O especialista pontua que até mesmo lojas sérias podem oferecer peças para carro falsificadas em seus balcões. Em muitos casos, o próprio comerciante é enganado por fornecedores desonestos. Por isso, a indústria de autopeças vem recorrendo à tecnologia para combater a pirataria. “Muitas empresas já colocam um QR Code na embalagem dos produtos, para que o cliente possa atestar a originalidade: basta baixar um app no celular,” aconselha.
Peças recondicionadas são boa opção para o carro?
Componentes remanufaturados não são, necessariamente, ruins. Contudo, mais uma vez, o consumidor deve ficar atento à origem desses produtos. “Quem recondiciona? Essa é a questão: recondicionamentos feitos em fundo de quintal provocam sério risco”, adverte Fraga.
Porém, o especialista lembra que alguns fabricantes oferecem itens recondicionados no mercado: nesses casos, o processo segue o mesmo rigor daquele estabelecido para as peças novas e atende, inclusive, a determinadas normativas estabelecidas pela ABNT. E, claro, o comprados desfruta da garantia legal.
O diretor da Fraga Inteligência Automotiva esclarece que o recondicionamento tem até vantagens ambientais. Isso porque alguns componentes têm metais pesados, ou não são biodegradáveis. Entretanto, ainda existe pouca oferta de peças remanufaturadas pelos próprios fabricantes para carros: esses itens são mais comuns no mercado de reposição para veículos pesados, principalmente caminhões.
Entre as empresas que oferecem linhas de produtos remanufaturados, está a ZF, que recondiciona embreagens, reaproveitando unicamente a carcaça. Outra que disponibiliza itens desse tipo é a Cummins: a linha da multinacional inclui injetores, módulos eletrônicos de controle, bombas de combustível de alta pressão e cabeçotes de motores.
Peças de reposição asseguradas por lei? Isso é uma piada! Boris Feldman explica em vídeo!
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